Volume 07
Lindembergue Cardoso - Trio

Breve Resenha

O Trio I, Op. 4 (vl., vc. e pf.) de Lindembergue Cardoso foi composto em 1967, para a I Apresentação de Jovens Compositores da Bahia. Essas apresentações incluíam um concurso de obras inéditas, tendo nesse primeiro ano privilegiado as categorias Trio (vl., vc., pf.) e Orquestra Sinfônica. Nesse concurso, o Trio I de Lindembergue Cardoso foi distinguido com a Medalha de Prata Reitor Edgard Santos, conferida para a revelação de talento e originalidade.

Vale salientar que o Trio I foi a primeira obra instrumental de câmara composta por Lindembergue Cardoso, então aluno de composição de Ernst Widmer nos antigos Seminários Livres de Música da UFBA.

Com 20 minutos de duração, a obra consta de três movimentos. Sua linguagem flui entre o serialismo e o livre atonalismo. O primeiro movimento tem por base uma série dodecafônica, o terceiro, outra, e o segundo apresenta uma estruturação motívica derivada da série do terceiro movimento. Nos movimentos externos, podemos dizer que as séries dodecafônicas são o fio condutor da elaboração composicional, enquanto outros materiais cumprem a função de “ambientação sonora” da evolução serial. Com um tratamento composicional bastante liberado das diretrizes técnicas e ideológicas do método, o serialismo de Lindembergue Cardoso neste Trio define-se como não ortodoxo, iconoclasta ou mesmo criativo.

A análise de Ilza Nogueira se concentra no processo estrutural e no trabalho técnico com a série dodecafônica, observando a grande liberdade criativa na utilização do método. Esta liberdade, que em certos momentos, pode até mesmo ser considerada como uma atitude “iconoclasta”, pode também ser reveladora do que um compositor que entende do seu metier, principalmente enquanto artista, espera de uma teoria composicional.