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foto Fernando Cerqueira
Fernando Cerqueira (Vila de Rio do Braço - Ilhéus, 8.9.1941)



FERNANDO BARBOSA DE CERQUEIRA é compositor e educador-pesquisador, tendo também atuado profissionalmente como clarinetista e cantor. Em função dos objetivos do projeto "Marcos Históricos da Composição Contemporânea na UFBA", esta apresentação se restringe à atuação na área de composição.

Sua formação acadêmica foi integralmente realizada na escola de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde estudou com Ernst Widmer (composição), W. Endress e Wilfried Beck (clarineta) e Sonia Born (canto), tendo-se graduado em composição no ano de 1969.

Em 1970 ingressou no corpo docente do Departamento de Música da Universidade de Brasília como Professor Colaborador, passando em 1974 à categoria de Professor Assistente. Nessa instituição, lecionou as disciplinas Oficina Básica de Música, Clarineta, Canto Coral, Composição, Introdução à Música, Instrumentação e Orquestração.

Em 1975 retornou a Salvador e ingressou no corpo docente da Escola de Música da UFBA, onde desenvolveu sua carreira profissional até a aposentadoria (1/1994), ensinando matérias do curso de graduação em Composição e Regência (Composição, Improvisação, Instrumentação e Orquestração) e também lecionando na Pós-Graduação em Música ("Processos Composicionais do Século XX"). Ao lado das atividades docentes, também ocupou cargos administrativos, como os de Vice-Chefe do Departamento de Música (1981-83), Coordenador do Colegiado do Curso de Composição e Regência (1983-87 e 1989-91) e Chefe do Departamento de Composição, Literatura e Estruturação Musical (1992-94).

Desde o ano 2000, Fernando Cerqueira coordena as atividades musicais do "Centro Projeto Axé" em Salvador[1], e dirige as oficinas e cursos de música.

Foi membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia (1966), e da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea (1972).

Tendo iniciado a compor em 1959, Fernando Cerqueira tem uma obra vasta[2], de raízes telúricas, inspirada em temas folclóricos nordestinos, motivos indígenas, e principalmente na literatura poética brasileira. Dentre os poetas utilizados por Cerqueira, podemos citar Haroldo de Campos, Jorge de Lima, J. C. de Melo Neto, Manuel Bandeira, C. D. de Andrade, Cecília Meireles, Antônio Brasileiro e Milôr Fernandes. O interesse pelo estabelecimento de uma relação íntima entre a música e o texto transcende a produção artística de Cerqueira. Em 1988, no I Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, ele discorreu sobre "Alguns aspectos da relação entre composição musical e texto literário". Esse interesse levou-o à sistematização de um processo composicional derivado do texto, desenvolvido durante o curso de um mestrado em Teoria da Literatura realizado no Instituto de Letras da UFBA. Na sua tese - "Musicalidade e Poesia: Anseio e Recusa do Sentido" (1993), o compositor versa sobre correspondências estruturais entre poesia e música, analisa poemas de Manuel Bandeira e C. D. de Andrade sob a perspectiva de sua música fundamental, e propõe as bases de um tratamento otimizado de textos poéticos na criação musical.

A música vocal, portanto, tem peso considerável na obra musical de Cerqueira, em peças para coro a cappella, conjunto de câmera com voz, orquestra e coro, orquestra, coro e vozes solistas. Outra tendência notável é a predileção por conjuntos de câmera, preferencialmente de formação não tradicional. Os trabalhos realizados com o Grupo de Dança Moderna da UFBA e com o Grupo Experimental de Dança da Bahia, resultando em alguns audiocomplementos para coreografia (Invenções, Senhor dos Navegantes, A Vertigem do Sagrado), ao lado de suas trilhas sonoras para filmes (Invenções e A Pedra da Riqueza) e música para teatro (Diz-que-sim-diz-que-não, Álbum de família e Yerma), também apontam para um terceiro "peso" em sua obra: a música incidental.

Cerqueira se apresentou em quase todas as edições da Bienal de Música Brasileira Contemporânea, no Rio de Janeiro, desde a primeira edição, em 1975. Oito obras suas são detentoras de prêmios no Brasil, três das quais se encaixam na categoria de "primeiro prêmio": Parábola (1º Prêmio do II Concurso Nacional de Composição Conjunto Música Nova da UFBA, 1976), Obstinações (1º Prêmio na XI Apresentação de Compositores da Bahia, 1977) e A Chegada de Lampião ao Inferno (1º Prêmio do I Concurso Nordestino de Composição Camerística, 1984). Ele também é detentor de dois "Prêmios do Público", com as obras Decantação (II Festival de Música da Guanabara, 1970) e Rupturas (III Concurso de Composição Conjunto Música Nova da UFBA, 1981).

Atualmente, ele vem desenvolvendo trabalhos como compositor, professor e pesquisador, interessado especialmente pela interação de estruturas características da música contemporânea e de outras linguagens artísticas, com elementos próprios da cultura popular.

Ilza Nogueira


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